8 de abril de 2016

...!

Podia ser uma carta aberta para ti, mas não é.
É apenas mais um desabafo, mais um pensamento que me atormenta nesta noite fria de Primavera.

Sempre fugi do amor, sempre achei que magoa mais do que nos acrescenta, que mostrar as nossas vulnerabilidades só demonstra fraqueza e permite que mais tarde se aproveitem de nós, e apaixonar-me por ti, não estava de todo nos meus planos. Resisti, (ou penso que sim) o mais que pude, mas não deu para não ser apanhada na curva e sem que desse por mim, estava já mais centrada em ti que nos meus medos.

Não consigo definir o tipo de relação que mantivemos, pelo menos, não consigo definir o meu lado. O teu sempre foi óbvio, sempre esteve destacado, ainda que eu não quisesse ver.

Começamos por falar, por trivialidades e conversas banais até que começamos a expor aquilo que sentimos, ou melhor, aquilo que tu sentias em relação ao teu passado. Um passado que sempre foi muito presente, que nunca deixou de lá estar. Um passado que não me impediu de me aproximar, ainda que soubesse as consequências dos meus atos.  E assim, como se nem me apercebesse, como se nem me importasse com o que poderia resultar, deixei-te entrar na minha vida.
Não me arrependo, mas não me orgulho particularmente.

Aos poucos, fui fazendo alguma pressão, creio que é uma característica super normal de alguém que está apaixonado, e posso ter-me deixado cegar por isso. As tuas atitudes, as tuas palavras meigas, os teus gestos amorosos também não ajudaram, e todas as palavras que me disseste sobre ela deixaram de ter som, e foi como se nunca as tivesse ouvido. Passei a acreditar num futuro que viveu apenas na minha imaginação. Que erro crasso o meu! Como ousei eu, depois do meu passado tão ridículo, envolver-me desta forma?! Não sei, e por mais que procure respostas para isto que sinto, não encontro.

Afastaste-te de mim, de forma gradual. Cada dia que passava falavas menos, e menos no dia seguinte e assim, quase como se nem percebesse que estava a perder a tua atenção, vi-te a sair da minha vida, Senti-te distante, não te minto, mas não quis ver com olhos de ver. Culpei o medo, culpei o cansaço, culpei o facto de não te ver sempre que pediste, culpei tudo menos a ti, e a mim.

Agora, mais friamente, analiso tudo de forma diferente e considero que és um egoísta. Que fui o escape perfeito até estares bem, que te ajudei a acalmar quando a razão tardou em chegar, que te mimei como duvido que alguém tenha tratado, fui a voz da razão, fui a conselheira, fui a amiga, a confidente, e o corpo que poderia fazer a dor não ser tão insuportável. Não digo que me usaste, mas também não sinto que foi muito diferente disso.Envolveste-te porque sei cativar, porque sou uma mulher, porque sou decidida e diferente daquilo que tinhas. E essa diferença manteve-te curioso por algum tempo. Mas como sempre te disse "Não escolhemos de quem gostamos" e somos a prova viva disso.

Disseste-me á cerca de uma semana, que sou a mulher que sempre quiseste e que nunca tiveste. E essa foi uma das duas lições que tirei desta nossa história. Homens têm mulheres e miúdos ficam com miúdas.
Uma mulher dá trabalho, é preciso saber ouvir, saber partilhar, saber ler as entrelinhas, saber cuidar e proteger, saber dar, saber ceder, saber dar espaço, e é preciso fundamentalmente, partilhar os mesmos valores e saber que uma relação se constrói, porque essa, meu querido, é a parte mais difícil. É manter, é saber cuidar e evoluir. Nem todos os elementos do sexo masculino têm aptidões para ter uma mulher ao lado.
Já uma miúda, é fácil de manter. Deslumbram-se fácil, com palavras, com gestos, contentam-se com qualquer palavra que se diz, não discutem a opinião contrária, não expõe o que sentem, não contrariam, limita-se a estar lá, a mostrar aos outros aquilo que possuem e esquecem-se que ter, é tão mais que possuir.

Reforças-te em mim esse lado de amor próprio que sempre tive, sou tão mulher. Sou tão mais que qualquer treta de sentimento que possa eventualmente sentir, sou tão mais que qualquer caramelo me faça duvidar.

E ensinaste-me finalmente, que de facto "A idade é como os cornos, é uma coisa que se põe na cabeça das pessoas!".
De nada adianta ter um número grande nas velas do bolo de aniversário se esse número não for proporcional á nossa mente, ás nossas experiências, ao que aprendemos com as lições que a vida nos dá.

Resta-me finalizar desejando que encontres aquilo que procuras e que sejas imensamente feliz, ou não. Já não me interessa.


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