16 de novembro de 2018

Falar sobre momentos felizes é algo que me causa imensa impressão. Não por não os saber descrever, mas porque acho que a descrição ficaria sempre aquém daquilo que vivi. Já com as dores não tenho o mesmo problema.
É uma espécie de terapia passar para uma folha em branco, tudo aquilo que vai causando ansiedade dentro do peito. Infelizmente é sempre nos momentos em que sinto o coração fugir-me do peito que sinto a necessidade de me abrir, de expor os meus medos, de organizar os meus pensamentos, de tentar dar alguma ordem ao caos em que me encontro.
Mais uma vez, o amor. Esse sentimento que move uns e outros. Que faz o mundo girar. Que é de difícil definição para muitos, que não quer dizer o mesmo para todos.
Sempre acreditei em histórias de amor, em finais felizes, no viver feliz para sempre. Sempre soube também que não é para todos. Que requer muita força de vontade, empenho, resiliência e pensamento positivo. Mas mais que isso, requer sincronia, paixão, carinho, bem querer, disponibilidade e amor. Requer empenho, a certeza de que se quer ter a outra pessoa para sempre, requer o compromisso da alma em querer cada vez mais, requer o compromisso moral de se manter sempre de pés no chão para o que der e vier. E nem todos nós fomos feitos para viver um amor assim.
É mais fácil usar e seguir, amar e virar as costas quando surge uma dificuldade.
Ontem, numa palestra sobre emoções alguém disse algo curioso: " Amamos o outro de acordo com aquilo que nos faz sentir. Se corresponder aquilo que idealizamos, então sentimos amor. Mas se o outro se comporta de forma diferente daquilo que esperamos, então o amor dá lugar á raiva e depois é mais fácil virar costas e seguir em frente. A grande complexidade do amor, a verdadeira magia, é sobre aceitar as diferenças e tentar encontrar um ponto de equilíbrio entre aquilo que esperamos e aquilo que o outro acredita e pratica na realidade."
E é tão isto.
Estou a viver o meu maior desafio. A relação diferente de todos os exemplos que conheço, a complexidade das suas características, até pela forma repentina e avassaladora como me apaixonei, e não consigo encontrar o foco. O amor que sinto continua a ser o farol que me movimenta, mas tudo o resto me faz sentir um barco á deriva. Era só seguir  a luz do farol e deixar-me levar, penso eu, mas nestas coisas do amor nunca depende só de um. Continuo com a certeza de que é ele o amor da minha vida. De que os meus desejos têm fundamento a seu lado, que a sua voz me faz falta, que a forma como morde o lábio quando me olha me faz arrepiar, que a sua gargalhada continua a ecoar dentro de mim com  a leveza de todos os dias felizes que vivemos.
Não sei em que ponto estamos, não sei se irás procurar-me, se um dia faremos com que isto funcione, mas estou disposta a isso. A ter a paciência que requer o amor, a disponibilidade que uma relação precisa, a certeza de que o coração precisa como garantia. Continuo a amar-te, a querer-te e a desejar que o nosso futuro seja em comum.




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