Uma noite de Verão

J

Já não sei mais que te posso chamar.Nem a ti, nem a mim pela burrice com que me deixo levar sempre que estou junto a ti. Ás vezes dou por mim a pensar que és como um fantasma. Não te posso ver mas sinto a tua presença bem junto a mim. Sei que estás por aí, perto, deambulando por espaços conhecidos onde outrora com a nossa presença ecoavam gargalhadas felizes e sorrisos rasgados. Não sei mais que efeitos podes causar em mim, tu que és o meu ponto fraco. Que me deixas sempre á beira de um ataque de nervos, que me trazes ansiedade e me multiplicas os sonhos, as esperanças e me enches de fé. Carrego também raiva, imensa raiva por saber que tu não prestas. Nem hoje, nem amanhã! Porque não mudas, e eu sei disso! Ando entretida na minha vida simples e equilibrada até chegares, vires de mansinho, com palavras bonitas, com mensagens carregadas de smiles e de palavras que amolecem o meu coração fraco e lá dou por mim a querer colocar-te na palma da minha mão como se tu fosses do tamanho da Polegarzinho e como se fosses efectivamente fraco como ela, vulnerável e sensível. Porque é assim que te vejo, um eterno menino pequeno, sensível, carente, que não sabe onde está, que vive perdido entre o mundo real e um mundo de ilusões, tentações e perigos que te fazem viajar em segundos entre a realidade e os problemas que não consegues evitar! Falas comigo e o meu coração pára, os batimentos ficam descoordenados, as minhas pulsações aceleram,o meu ritmo cardíaco dispara, e o meu estômago fica esmagado com um ronronar cheio de ansiedade, de pressa como que nem um querer mais, já e agora. Quando te toco, quando sinto o teu simples respirar junto a mim, oh meu anjo, como eu fico desequilibrada, as minhas pernas tremem, os meus braços tendem em segurar um vazio, os meus olhos não conseguem fintar os teus com o medo que leias em mim aquilo que nego a todos. Se te toco, sei que não sairei daqui bem. Se te beijar, voltas a depositar em mim as esperanças que deixei perdidas na mesma rua onde nos separamos, mas com essa tua boca, com esse teu tocar de lábios, parece que fazes magia. Como se de uma boca para a outra tu pudesses passar o mesmo sentimento que mantive enquanto fui feliz de forma saudável, e aí, volto eu a reviver os momentos mais ternurentos e simples que aqueciam com todas as certezas as minhas manhãs, as minhas tardes e todas as minhas noites. Olhei-te pela ultima vez, sob uma luz cheia imensa, carregada em cada ponto de luz com um desejo meu de ser amada com a mesma intensidade com que proferi ao dizer que eras meu, com o orgulho imenso de ser tua mulher. Sim, eu tinha esse orgulho imenso em ser tua, em dizer que tu eras o meu namorado, o meu pequeno pedaço de céu. Era um orgulho real, imenso, grande demais para caber no meu peito, e foi também esse orgulho que deixas-te ferido vezes sem conta. Como se apenas o teu ego, o teu mundo irreal te desse aquilo que eu jamais consegui. Essa mesma lua testemunhou o fundir dos nossos corpos, testemunhou a vontade, a saudade, o tesão que sempre nos uniu. Reacendeu a chama que julgara apagada, trouxe as palavras calmas, os sorrisos tímidos, os toques sentidos, os beijos apaixonados, os olhares penetrantes. Trouxe -te de novo a mim. Voltamos, por momentos, a ser um só. Eu agarrei-te com força, tu fintaste-me o olhar, beijaste-me e disseste que morrias de saudades minhas, do meu corpo e sobretudo do meu cheiro. Correspondi-te e pedi te que não me fizesses promessas. O amanhecer não tardou em chegar, e com ele chegou a hora de te soltar, de deixar que fosses á vida que escolheste e de eu seguir o caminho que está traçado para mim. Não sei mais qual luar acompanhará a nossa historia, não sei mais se temos uma historia ou se isto não passou de um sonho numa noite quente de Verão, não sei mais se alguma vez conjugaremos verbos no plural e os nossos pronomes serão ditos de outra forma. Sei que a vida é aquilo que fazemos com ela, e nada mais!